terça-feira, 18 de março de 2014

NASCIMENTO Revista de Poesia e Psicanálise Nº0 - Antonio Cabral Filho - RJ

NASCIMENTO
REVISTA DE POESIA E PSICANÁLISE Nº 0 
SETEMBRO 1987
EDITORES
                                  TKATCH
                              PEREZ
                                          MALAQUIAS
COLABORAÇÃO

AIDA BOTELHO MESQUITA
ANTONIO CABRAL FILHO
DANIEL CHUTORIANSCY
DANIEL TKATCH
KONSTANTINOS KAVAPHIS
LIDIA VALLE
LIDYA ELBA PEREZ
MARIA DEL CARMEN MARTINEZ
MIGUEL O. MENASSA
ROGERIO MALAQUIAS
SOUSANDRADE
SULLYWINTER
Ilustração e desenho de capa:
Edith M. Perez.
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SELETA CURUPIRA - TEXTO Nº 5 # ANTONIO CABRAL FILHO - RJ

SELETA CURUPIRA
TEXTO Nº5
ORG ANTONIO CABRAL FILHO
Letras Taquarenses Edições 2014 - RJ
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O MAR DE GABRIELA ARTÊMIS

À  Gabriela Artêmis
17 de Janeiro de 1985.

Do que dá para este mar
quando o mar não tem ossos, sangue, carne?
E quando os tem?
Que nome possui o mar,
às vezes o azul só do mar, suspenso
pelo lume do amor?

A estrela desnuda, a rosa branca de Artêmis boiando-o.
Porque o mar não se afoga
no barco que vai à Efeso. O mar do corpo incendiando-se na flor
( resíduos de perfumes, oferendas íntimas da primavera).

Gabriela Artêmis
esqueceu a janela
porque não havia o mar,
o que era, era o vazio:
branco vestindo-se de branco,
lassidão, ruínas dos edifícios em chamas,
balburdia de homens cheios de preces & dólares.
Era proibido amar
num tempo sem águas.

Era preciso o mar, urgentemente preciso.
As janelas estavam mortas,
mortas as sentinelas da noite
e o anjo dos sonhos suicidou-se numa noite de lua.

O mar com suas ilhas e naufrágios ( sepultura das lembranças, rastros
de pássaros de quem os viu pela última vez).
Era preciso o mar
para Gabriela Artêmis amar.

Antonio Carlos Medeiros "Grego" - RJ
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