SELETA CURUPIRA
TEXTO Nº5
ORG ANTONIO CABRAL FILHO
Letras Taquarenses Edições 2014 - RJ
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O MAR DE GABRIELA ARTÊMIS
À Gabriela Artêmis
17 de Janeiro de 1985.
Do que dá para este mar
quando o mar não tem ossos, sangue, carne?
E quando os tem?
Que nome possui o mar,
às vezes o azul só do mar, suspenso
pelo lume do amor?
A estrela desnuda, a rosa branca de Artêmis boiando-o.
Porque o mar não se afoga
no barco que vai à Efeso. O mar do corpo incendiando-se na flor
( resíduos de perfumes, oferendas íntimas da primavera).
Gabriela Artêmis
esqueceu a janela
porque não havia o mar,
o que era, era o vazio:
branco vestindo-se de branco,
lassidão, ruínas dos edifícios em chamas,
balburdia de homens cheios de preces & dólares.
Era proibido amar
num tempo sem águas.
Era preciso o mar, urgentemente preciso.
As janelas estavam mortas,
mortas as sentinelas da noite
e o anjo dos sonhos suicidou-se numa noite de lua.
O mar com suas ilhas e naufrágios ( sepultura das lembranças, rastros
de pássaros de quem os viu pela última vez).
Era preciso o mar
para Gabriela Artêmis amar.
Antonio Carlos Medeiros "Grego" - RJ
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